Primeiro alerta do risco em potencial dos temporais no Rio Grande do Sul foi dado dia 31 agosto, afirma Cemaden

O governo do Rio Grande do Sul recebeu no dia 31 de agosto DE 2023 o primeiro aviso do risco em potencial dos temporais que atingiram o estado e causaram enchentes, destruição e mortes em 85 cidades. Houve, no total, quatro alertas.

O primeiro veio durante uma reunião, conforme o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.



“Tomamos conhecimento de uma situação de risco dia 30 de agosto para a Região Sul, em especial para todo o Rio Grande do Sul e Sul de Santa Catarina. Para o dia 31, foi marcada uma reunião com a Defesa Civil com os três estados da região (RS, SC e PR) mais o Mato Grosso do Sul. Foi durante a reunião que passamos a previsão“, conta o coordenador-geral de operação e modelagem do Cemaden, Marcelo Seluchi.



Seluchi conta que a previsão indicava 200 milímetros de chuva entre os dias 1º e 4 de setembro, com a maior quantidade para o dia 4, afetando principalmente as regiões Norte, Central e dos Vales. Poderia chover menos ou poderia chover mais, no entanto, havia convicção de que a situação era de alerta.

Todas essas informações foram expostas na reunião para as defesas civis estaduais e para o Ministério do Desenvolvimento Regional, com a presença de representantes do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Em 31 de agosto, o próprio Inmet começou a trabalhar com o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad). O segundo aviso veio no dia 1º, quando o CENAD convocou uma reunião de alinhamento com a presença de representantes do RS, SC, PR e MS, em que o Inmet apresentou a previsão de chuva.

O terceiro aviso veio no dia 3, quando o Inmet emitiu um alerta vermelho, de grande perigo, o maior da escala. O quarto aviso ocorreu no dia 4, quando a Companhia Energética Rio das Antas (Ceran) comunicou que “devido às fortes chuvas ocorridas nos últimos dias, a vazão do Rio das Antas ultrapassou os níveis máximos históricos desde a construção.

De acordo com o Serviço Geológico do Brasil, o Rio Taquari, que cobriu cidades como Muçum e Santa Tereza, por exemplo, é conectado ao Rio das Antas e recebe água de diversos afluentes vindos das regiões mais altas, do Norte e da Serra.

O gerente de hidrologia e gestão territorial do órgão, Franco Buffon, explica que todas essas áreas recebiam chuva forte desde o dia 4, com precipitação intensa e simultânea nas nascentes e bifurcações dos cursos d’água.



“Além disso, a região serrana do RS tem uma característica de formação de solo e relevo que contribui para que chuva em excesso se transforme em inundação com potencial destrutivo”, diz.



Entre os dias 4 e 5, houve as enchentes.

Governo diz que fez o que pode:

O governo do estado afirma que fez dezessete alertas meteorológicos preventivos, via mensagens de texto de celular, entre os dias 1º e 5 para a população. No entanto, os avisos não deram conta da dimensão dos transtornos que poderiam ser registrados.

Levantamento feito pelo g1 junto ao site da Defesa Civil estadual aponta que o primeiro alerta foi emitido dia 31, às 20h, mas para as regiões Noroeste e Fronteira Oeste. O alerta para temporais fortes veio no dia 2, de noite, dando conta das regiões Norte, Central e dos Vales, as mais atingidas.

O governo do RS afirma que, quando identificada qualquer fonte potencial de risco, os municípios são alertados para que informem as suas populações e, se necessário, acionem seus Planos de Contingência.

De acordo com o governo, o monitoramento hidrometeorológico é feito durante as 24 horas pela equipe de hidrólogos e meteorologistas da Sala de Situação e do Centro de Operações da Defesa Civil estadual.

O estado conta ainda que os alertas também são “amplamente divulgados nas redes sociais e site da Defesa Civil do Estado”, e que as equipes são acionadas e permanecem prontas para apoiar os municípios, caso necessitem. Além disso, há “áreas monitoradas no RS para risco hidrológico e de movimentos de massa que são acompanhadas”, como é o caso de Muçum, uma das cidades mais atingidas.

Especialistas ouvidos pelo g1 são unânimes ao apontar a importância de ações preventivas como forma de combater os danos provocados por eventos climáticos adversos. Para eles, é necessário cobrar do poder público a elaboração de planos de contingência adequados. Mais do que isso, que se trabalhe junto à população no sentido de educar os cidadãos a agir corretamente em momentos de ocorrência de desastres.

Municípios dizem que só foram avisados dia 03/09:

Três municípios atingidos pelas enchentes que foram consultados pelo g1 (Muçum, Santa Tereza e Nova Roma do Sul) afirmam que foram alertados no domingo, dia 3, do risco dos temporais, três dias depois da reunião do Cemaden com a Defesa Civil estadual.

A prefeita de Santa Tereza, Gisele Caumo, conta que o município “antes mesmo de receber o alerta da Defesa Civil, já estava acompanhando”.



“O rio [Taquari] aumentava 35 centímetros por hora, o que é normal. Em seguida, foi para 1 metro e 60 centímetros. Depois, 2 metros e 20 centímetros por hora. Em duas horas, a cidade estava tomada pela água”, conta.



Gisele conta que eram 2h do dia 5 quando a última família foi retirada de casa. Ela diz que, por se tratar de uma cidade pequena, a comunicação ocorre principalmente por grupos de WhatsApp. Foi por meio dele que a população reuniu cerca de 20 caminhões para fazer os resgates. A responsável pela Defesa Civil em Nova Roma do Sul, Rafaela Tariga, também disse que o governo do estado “emitiu alerta sobre chuvas intensas ainda no domingo”.



“Mas não era esperada essa enchente histórica”, conta.



Uma ponte de ferro que liga a cidade a Farroupilha foi destruída pela alta do nível do Rio das Antas no dia 4. O alerta para elevação do rio veio um dia depois, às 13h56min.

Em Muçum, o relato é o mesmo: o aviso da Defesa Civil estadual chegou no domingo, de acordo com Douglas Pessi, da Defesa Civil municipal. No dia seguinte, um alerta enviado por WhatsApp pelo município projetava que o Rio Taquari subiria até a cota de 15 metros, 04 metros abaixo do limite de transbordo. Mais tarde, também por celular, a informação era de que o rio chegaria a 21 metros, alcançando o topo das casas de um andar.



“Não existe mais a cidade de Muçum como existia”, diz o prefeito Mateus Trojan.



Às 13h59min de segunda-feira, veio o alerta de inundação para o Rio Taquari da Defesa Civil estadual. Ele dizia:



“Alerta para inundação do Rio Taquari, rio em rápida elevação a partir de Santa Tereza, cidade que fica a cerca de 50 km de Muçum.”



Moradores fazem buscas em destroços de casas atingidas por ciclone extratropical, em Muçum (RS) — Foto: REUTERS/Diego Vara

Por g1 RS



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