Conselho de Medicina rebate o uso de ozônio para combate à Covid-19

CFM diz que ozônio é permitido apenas em estudos experimentais

O tratamento de ozônio, sugerido pelo prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni, na segunda-feira, dia 03 de agosto de 2020, gerou controvérsias entre profissionais da saúde (VEJA AQUI). Segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado de Santa Catarina (CRM-SC), todas as formas de tratamento devem ser validadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Em nota, o CRM-SC usou como base a Resolução (2181/2018), do CRM, que proíbe os médicos de prescreverem ozonioterapia, exceto para estudos de caráter experimental.

Segundo o CRM-SC, a norma federal também deixa claro que o uso benéfico em tratamentos clínicos ainda está longe de ser uma unanimidade positiva. O volume de estudos e trabalhos científicos adequados sobre a prática ainda é primário e não oferece os resultados necessários. O Conselho afirma: o assunto exige mais pesquisa sobre o tema.

A Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) ressaltou por meio de nota, que a ozonioterapia é uma técnica considerada experimental. Qualquer tratamento que venha a ser usado pode ter resultados adversos ao esperado. A SBCP ainda explica, que a aplicação do ozônio por meio de sonda no intestino pode perfurar o reto e provocar danos mais graves. 

Além disso, a ozonioterapia, ao não ser recomendada, pode retardar o tratamento e levar a complicações da Covid-19.


“A Sociedade Brasileira de Coloproctologia não recomenda a ozonioterapia como tratamento para a Covid-19, tendo em vista se tratar de uma técnica ainda experimental e que pode agravar a saúde do paciente”, reitera a SBCP. 


A ozonioterapia já é usada como forma alternativa para alguns tratamentos, porém, não para o tratamento do câncer. O médico oncologista, Giuliano Borges, explicou que um dos riscos da ozonioterapia é a possível inalação do ozônio. Por se tratar de um material tóxico, pode gerar complicações no paciente, como hepatite e oxidação do tecido.


“Indicar ozonioterapia para a Covid-19 ou qualquer outro tipo de doença vai contra as orientações, tanto do Conselho Federal de Medicina, quanto o Sistema de Saúde dos Estados Unidos”, ressalta, Borges.


A Secretaria Estadual de Saúde (SES), não quis se posicionar sobre o assunto. Como resposta, repassaram uma nota padrão do mês de junho:


“A Secretaria Estadual de Saúde (SES) não adota como política pública protocolos de medicamentosos específicos de tratamento para uso precoce na COVID-19 que não estejam autorizados pelos órgãos reguladores (uso off-label). Qualquer prescrição de medicamento  específico deve respeitar a Nota Informativa (01/2020 SES/COSEMS/SC – 24/06/2020).”


Até o fechamento da reportagem, a Prefeitura de Itajaí não se posicionou sobre o assunto. 

Outras sugestões do prefeito de Itajaí contra a Covid-19:

Essa não é a primeira vez que o prefeito de Itajaí causa polêmica com métodos alternativos de enfrentamento ao coronavírus. A primeira ação foi anunciada em abril. Inicialmente, o medicamento homeopático à base de cânfora seria aplicado com um conta gotas, de casa em casa. Após críticas de profissionais da saúde, o prefeito Morastoni voltou atrás e reformulou o método de entrega do medicamento, para individual.

A segunda ação foi a entrega de Ivermectina, no início de julho. O medicamento é um vermífugo, que no momento é usado como uma tentativa de combate ao novo coronavírus, porém não comprovada, ainda. No final do mês passado, Tribunal de Contas do Estado (TCE), questionou a Prefeitura de Itajaí por gastar mais de R$ 4 milhões na compra de medicamento sem comprovação científica no combate ao coronavírus. 

Por Isabela Corrêa, Itajaí

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