Das 4 espécies de sucuris existentes no mundo, 3 delas são encontradas no Brasil; conheça todas:

Elas já foram até tema de filmes. Em alguns flagrantes na natureza, causam medo e espanto, mas por sua imponência, se destacam no reino animal. Em todo o mundo há quatro espécies das sucuris, todas com registros na América do Sul (e três são encontradas no Brasil). Segundo especialistas, a sucuri de bene é a única que até hoje não teve registros em biomas brasileiros e pode ser vista somente na Bolívia.

Juliana Terra, doutora em ecologia pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora de um projeto voltado para as sucuris na região de Bonito (MS), explica que apesar de as quatro espécies ter suas particularidades, todas compartilham algumas características em comum.

São elas:

  • Eunectes murinus (Sucuri-verde)
  • Eunectes notaeus (Sucuri-amarela)
  • Eunectes beniensis (Sucuri de bene)
  • Eunectes deschauenseei (Sucuri malhada)

“São espécies encontradas sempre associadas a ambientes aquáticos, onde desempenham suas atividades como caça e reprodução, entre outras. Tanto que o gênero das sucuris é o Eunectes, palavra grega. Se separar o ‘eu’, esta significa bom e fácil; e ‘Nektes’ significa nadador, ou seja, é um bom nadador”, explica Juliana.


A Eunectes murinus é conhecida como a anaconda verdadeira, mas especificamente como a sucuri-verde, porque ela tem uma cor de fundo que é um verde oliva. Esse tom de cor ainda pode ser um pouco mais escuro ou claro, chegando até a uma coloração marrom.


“É a espécie de sucuri com mais informações disponíveis até o momento. Ela tem uma ampla distribuição geográfica e pode ser amplamente encontrada na América do Sul em países como a Venezuela, Colômbia, Paraguai, Equador, Bolívia, Peru, Guiana Francesa, Suriname e Brasil”, ressalta Juliana.


Ainda de acordo com a especialista, as sucuris verde não costumam ser muito encontradas ao sul da América do Sul, sendo o Paraguai, provavelmente, o limite sul da distribuição delas. Uma característica interessante da espécie é o sistema de acasalamento.


“O acasalamento é bem diferente. É um sistema poliândrico e em agregação, chamado de bolo de reprodução, ou seja, é uma fêmea que libera o ferormônio que atrai um ou mais machos. Eles encontram as fêmeas por meio da quimiorrecepção e elas podem ficar com até mais de 10 machos no bolo. Como as fêmeas são muito maiores que os machos, as pessoas normalmente confundem os machos do bolo de reprodução com filhotes, e acham que se trata de um ninho, quando na verdade são adultos se reproduzindo”, diz Juliana.


Pesada e longa, a sucuri-verde é também a maior espécie de sucuris que existe. Os machos podem alcançar uma média de 3,5m de comprimento, já as fêmeas adultas podem chegar a 5 metros. Em casos mais raros, podem atingir tamanhos maiores, de até 6m.


“Devido a imponência e ao porte grande das fêmeas, elas sempre aparentam ser maiores do que são. Todas tem dimorfismo sexual, ou seja, os machos sempre são menores que as fêmeas”, afirma Juliana.


Quanto a alimentação, as fêmeas adultas de grande porte podem se alimentar de mamíferos de médio porte. Já para os machos, as aves aquáticas são importantes recursos alimentar.

Sucuri-verde – Eunectes murinus — Foto: Daniel De Granville / Photo in Natura

Sucuri-amarela (Eunectes notaeus):

A Sucuri-amarela, também conhecida como a sucuri do Pantanal, tem como nome cientifico Eunectes notaeus, por causa do seu fundo amarelado. A espécie ocorre em áreas alagáveis das bacias dos rios Paraguai e Paraná.


“Na bacia do Paraguai, ela ocorre na região do Pantanal que abrange Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, além de Paraguai e Bolívia. Já na bacia do Paraná, ela pode ser encontrada em áreas alagadas da Argentina”, relata Juliana.


Conforme a especialista, é uma espécie considera de grande porte. As fêmeas podem atingir no máximo 4m de comprimento e os machos em torno de 2,5m. As fêmeas também podem se alimentar de animais de médio porte, e as aves aquáticas também são presas consumidas por ambos sexos.

Sucuri-amarela – Eunectes notaeus — Foto: Ernane Junior/Foto

Sucuri de Bene (Eunectes beniensis):

A Sucuri de bene, que tem nome cientifico Eunectes beniensis, foi assim identificado por causa do local onde primeiro foi vista, no Departamento de bene, na Bolívia, e logo depois, no mesmo país, no Departamento de Pando.

Quanto a morfologia, ela fica entre as duas espécies anteriores (sucuris amarela e verde). Tanto que os primeiros indivíduos foram considerados híbridos dessas duas espécies. É uma serpente pouco estudada e por isso sabe-se pouco de informações básicas sobre a biologia deste animal.

Quanto ao tamanho, a espécie é considera de médio porte. Os machos adultos medem por volta de 2m de comprimento e as fêmeas, por volta de 3m.

Sucuri de Bene – Eunectes beniensis — Foto: Lutz Dierken/Imagem

Sucuri Malhada (Eunectes deschauenseei):

No Brasil, a sucuri malhada, Eunectes deschauenseei, é encontrada em áreas sazonalmente alagadas no estado do Pará, na Ilha de Marajó, em Santarém, e no Amapá, na região do Baixa Amazônia. Além do Brasil, ela pode ser encontrada na Guiana Francesa.

Em relação a morfologia, ela fica entra as sucuris amarela e verde, se assemelhando um pouco mais a amarela. Essa, assim como a Sucuri de bene, é outra espécie muito pouco estudada. A maioria das informações existentes são de observações de campo:


“Faltam informações básicas sobre a história natural das espécies, como dieta, atividade, reprodução, uso do ambiente. Todas essas informações básicas são extremamente importantes para se pesar em planos de conservação, por exemplo”, reforça Juliana.


Das quatros espécies de sucuris, essa, possivelmente, é a menor delas. Os machos mal chegam a dois metros e as fêmeas, por volta de 3 metros.

Sucuri Malhada – Eunectes deschauenseei — Foto: Haddad Jr V et al. Sucuris: Biologia, Conservação, Realidade e Mitos de uma das maiores Serpentes do Mundo/Imagem

Por Flávio Dias , G1 MS — Campo Grande.


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